A Arte tem o seu tempo. Todo o trabalho manual leva o seu tempo. Tem um ritmo e um tempo próprios.
Uma criação tem um tempo emocional, que não é medido nem contado. Acontece ao ritmo do coração, e da vida. Mistura-se com outros afazeres do quotidiano, como cuidar da casa, das crianças, das flores, dos animais.
A inspiração acontece em qualquer lugar. Mas não está sempre à mão de semear. Se te dedicas à Arte de forma profissional, sabes que não há uma cartola mágica de onde retiramos a inspiração com um movimento de varinha mágica, sempre e quando queremos. Especialmente quando se trata de um trabalho encomendado, estar conectado com o projeto em si, é a melhor forma de encontrar inspiração, porque ela vem de dentro. Mas nem sempre é assim. Portanto, com isto quero dizer que existe um certo estado de imersão que é necessário para nos dedicar-mos a um projeto em todo trabalho “é para nós”, e por isso eu dou graças por ser freelancer, trabalhadora independente e poder dizer sim ou não a um projeto. Não que me possa dar ao luxo financeiramente de rejeitar um trabalho, não é ocaso, mas porque há simplesmente coisas que , se te conheces sentes e sabes, que não te vais sair bem porque não estaria lá com o teu coração e corpo inteiro.
Por vezes, aqui no estúdio, o meu trabalho, especialmente a pintura livre – que não é dedicada a projetos encomendados – acontece nos entretantos. Nos dias ocupados com outras tarefas, trabalhos, projetos, uma ou duas pinceladas sustentam a minha sede.
Nos outros dias, em que consigo dedicar-me a tempo inteiro, são horas a fio em total imersão. Com o papel, os pigmentos, os pincéis, a minha música, as histórias, as personagens que nascem destas pinturas. São viagens.
São estas viagens que me equilibram a alma, treinam a minha mente.
A Arte tem um Tempo, o Seu Tempo.
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