O Outono chegou e eu regresso a casa. Não regressamos todas?…
O inverno ainda vem longe, e apesar de me parecer que nesta altura já tudo deveria estar a dormir… eis que começa a festa! Uma festa de vida, de cor e texturas. Não são as cores da primavera, são cores garridas e amadurecidas, de quem sabe que vai em breve partir, regressar à terra, são os últimos foguetes, uma celebração que anuncia um fim de ciclo.
Inspiro-me, respiro, bebo desta fonte, tanto quanto possível.
Vivendo no campo, não é difícil estar mais conectada com os ritmos da natureza, mas na cidade também é possível, se não estivermos distraídas… Da minha vida na cidade, guardo na memória sensorial o cheiro das castanhas vendidas na rua, as camas de folhas cobrindo os parques, onde sempre procurei refúgio, e onde as árvores revelam agora a vulnerabilidade dos seus ramos semidespidos. A luz do entardecer refletida nas janelas. O conforto de uma roupa mais quente.
O Outono é mesmo uma das estações que mais me inspira a criar…A criatividade é movida a inspiração, emocional e sensorial. E o Outono é rico em elementos que nutrem a alma.
Com ou sem filtros, o que seria da Arte sem estações do ano, sem astros, sem estrelas, sem natureza, sem sonho, sem ciclos, vida e morte.
Há uma certa beleza/tristeza, nestes tempos de fim, não deixam de ser mortes anunciadas. Mas enquanto a noite não chega…
Dancemos nas gotas da chuva e nos rodopios das folhas caídas,enquanto alimentamos a engrenagem da imaginação.
E tu? Como sentes o Outono?